Títulos Verdes: uma nova fronteira para o setor

Os títulos verdes, ou green bonds, são semelhantes aos títulos de dívida comum, tendo um significativo diferencial: os recursos captados são direcionados, exclusivamente, a projetos ou ativos comprovadamente sustentáveis. Ao dizer que um título é verde, estamos diante de mecanismo que possui um verdadeiro selo ou rótulo.

São diversas as atividades que, hoje, podem ser utilizadas para lastreio desses títulos. Assim, é desenvolvido um novo paradigma, no qual investir em sustentabilidade dá um retorno financeiro.

Os títulos verdes podem ser emitidos por diversos agentes, sejam essas instituições financeiras ou não, empresas privadas ou públicas e até de capital misto. A exemplo, CRA, CRI, FIDC, Letras Financeiras e Debêntures podem ser títulos de selo verde. São, pois, um caminho de diversificação da carteira e alinhamento com parâmetros internacionais e tendências de mercado.

As emissões de títulos verdes têm crescido de maneira exponencial no mundo e o Brasil é, hoje, o líder na emissão de conteúdo dessa ordem na América Latina – de 2015, quando ocorreu a primeira emissão, até junho de 2021, o país emitiu valor total de US$ 10,3 bilhões. Para financiamento da produção agrícola, porém, somos ainda mais recentes, sendo o primeiro título certificado emitido em 2020.

Vale dizer, nos dias atuais as energias renováveis expressam a maior parcela de recursos da emissão de títulos verdes no Brasil, seguida do uso da terra, o que inclui agricultura, pecuária e florestas, com 27% dos recursos, correspondendo a R$ 5 bilhões. O setor florestal é, porém, o de maior expressão. Assim, é claro o potencial que a agricultura tem de se desenvolver e, espera-se que cada vez mais o faça, agora também com a CPR ingressando na seara de títulos elegíveis.

Investimentos sustentáveis na agricultura brasileira têm se consolidado ao longo dos últimos anos. A evolução tecnológica no campo, norteado por instrumentos de políticas públicas e a própria pressão dos agentes privados têm impulsionado o setor em mercados inovadores, como é o caso do mercado de carbono. O maior desenvolvimento de mecanismos, bem como a evolução do ambiente regulatório e maior recepção do mercado alçarão o setor, ainda mais, em posição de destaque e, esperamos, modificação positiva de sua imagem.

*Fontes: Agrotools, Climate Bonds Initiative e Sitawi.

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